Eu sonhei que eu era a chama de duas velas literalmente. Eu sentia a cera na qual estava conectada.
Eu dançava para lá e para cá tal como as chamas dançam.
Não havia nada em mim nem boca nem olhos nem mãos, eu não era uma forma humana, apenas a forma da chama das velas, e a sensação é de que eu dançava por inteira, era uma necessidade como se eu precisasse inevitavelmente do Criador, e esse era todo o objetivo daquela existência tanto quanto a própria existência do Divino me fazia dançar.
Não havia cansaço, apenas o sentimento ou sensação similar a "uma folha que balança porque há vento e ela se curva à ele e lhe é de bom grado curvar-se, ainda que lhe seja angustiante o toque sobre a sua leveza", a sensação disso é a própria chama.
"Ner Adonai Nishmat Adam..." Mishlei 20:27
A vela de Adonai é a Neshamah do homem..."
Veja Zohar Pinchas 110 a 117:
"
Levantamo-nos e seguimos adiante. E o ardor do calor do sol estava extremamente intenso, e nos causava sofrimento no caminho. Vimos árvores no deserto, e águas debaixo delas. Sentamo-nos à sombra de uma das árvores no deserto.
Perguntei a ele, a Rabi Shimon:
— O que é isso, que todos os povos do mundo não fazem nenhum movimento, mas somente Israel — quando se ocupam com a Torá — se movem de um lado para o outro, sem que tenham aprendido isso de qualquer pessoa no mundo?
E não conseguem permanecer parados em seu lugar.
Disse-me: Lembraste-me de algo supremo, e os seres humanos não sabem disso e não prestam atenção.
Sentou-se por um momento e chorou.
Disse: Ai dos seres humanos, que andam como os animais do campo, sem entendimento.
É justamente por este aspecto que se reconhece a diferença entre as almas sagradas de Israel e as almas dos demais povos idólatras:
As almas de Israel foram formadas da vela sagrada que arde — que é a Malchut —, como está escrito: “A vela de YHVH é a alma do homem”.
E essa vela, no momento em que se acende pela Torá suprema — que é Zeir Anpin —, sua luz não repousa nem por um instante sequer.
E este é o segredo do versículo: “Ó Elohim, não guardes silêncio” — dito sobre a Malchut.
E semelhantemente está escrito sobre as almas: “Os que mencionam o Nome de YHVH, não tenham descanso” — isto é, não permaneçam em silêncio.
A luz da vela, ao se prender ao pavio, jamais permanece quieta; ao contrário, move-se de um lado a outro, e nunca repousa.
De modo semelhante, Israel — cujas almas provêm daquela luz da vela, que é a Malchut —, assim que dizem uma única palavra de Torá, imediatamente a luz se acende, e eles não conseguem permanecer quietos, mas se movem de um lado para o outro, e para todos os lados, como a chama de uma vela.
Pois está escrito: “A vela de YHVH é a alma do homem.”
E está escrito: “Vós sois Adam (homem)”, ou seja, vós (Israel) sois chamados Adam, e não as nações do mundo, que não são chamadas Adam.
As almas dos povos idólatras são como palha apagada, sem luz que repouse sobre elas. Por isso, permanecem imóveis e não se movem, pois não têm Torá, não se inflamam por ela, e não há luz que resida neles.
Por isso, permanecem como lenha no fogo — que queima sem que a luz repouse sobre ela. E por isso estão quietos, sem nenhuma luz.
Disse Rabbi Yossi: Este é o esclarecimento do assunto. Feliz é minha porção por ter merecido ouvir esta palavra."
A palavra lehavah (להבה) que é chama é igual a 42 referente ao Ana B'Choach. Dessa palavra pode ser forjado o conceito do Hitlahavut (התלהבות) que significa uma intensa paixão pelo Criador.
A sua tradução é "entusiasmo", do grego, a partir da junção das duas partículas in e theos que é "Deus dentro". A chama da vela se estende sempre para cima, isso é o forte desejo do coração para alcançar a sua fonte, isso também é a Ohr Hazer - a luz que retorna vestindo as Sefirot, e recai para os lados, isso é a Ohr Maquif ou Ohr Yashar que é o fluxo de cima.
Os escritos do Rabino Chayim Vital nos falam sobre as raízes das Almas e de como os mundos são percebidos através da analogia de uma vela.
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